quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Capitalismo: a arte de transformar migalha em sobrevivência

Você não faz ideia como meu corpo se sente. E não te importa, apesar de ouvir vez ou outra quando um impulso de coragem e desespero me faz te procurar. Compartilhei cada segundo e cada pedaço do meu corpo em transformação, me fiz confundida com você, foi de propósito, mas perdi o rumo. Capitalismo domina quando a gente se distrai, faz parecer que é amor é pra ser correspondido, quando na verdade só faz aumentar a angústia de estar tão só. Você me encanta e só poderia deixar de ser o que é pra mim, se eu decidisse te parar. A vida se impôs, e eu consciente do fim, deixei. Por cada fresta, sugavam-se os momentos e sensações que guardei de ti, pra me fazer companhia.

Meu coração (me) bate e (me) tortura, me aflinge a bosta de relação que construímos que tanto faz minha presença na sua vida. Drama! Cada segundo uma eternidade de sofrimento. Você parece que vai durar pra sempre. É quase meus comprimidos diários, mas é mais próximo do cigarro, que parei. É uma relação que não quero ter, ainda que nunca deixei de gostar e querer por perto. Fumem ao meu lado, imploro as amigas íntimas. A fumaça não me tortura, alivia. Senão posso ser sujeito disso, que esteja entre as que são. Como você, que prefiro te ver ao não te ver, prefiro ficar com você do que não ficar, mas sobretudo prefiro me sentir bem, do que viver de poesia.

O duro é quando a relação passa antes [da poesia,]
será que comprei papel demais
ou rendeu a tinta?

Teu corpo ainda reflete
a melhor rima
que humaniza
a cada toque que atingia.

Escrevi então:

"(...) durante todo esse tempo sempre tive o cuidado pra não ser escrota, e não causar. Fiquei esperando seu email, mas agora vejo que é só mais uma esperança que vou alimentando, não faz diferença, no fim. Não é verdade que não me importa nada depois, geralmente quando estou com você penso isso, porque estou com você. Não quero seguir alimentando mais isso e ir e voltar mil vezes nessas discussões que sinceramente não acredito que possam ajudar, você me vê transparente o tempo todo enquanto eu sempre lido com o silêncio como um suspiro de que ainda há chances. Mas chances de que? É isso. A relação que temos é nua e crua. E eu tenho que reconhecer meus limites que não permite hoje ter algo assim, quando sinto tantas coisas amais. Sei que vire e mexe escrevo coisas meio do nada, sou assim mesmo, e fazer o que. Acho que quero me afastar de você, dessa vez de forma consciente e com objetivo de realmente parar de gostar de você, do seu sorriso, do jeito que te olho. Tinha combinado de ir no Dube com o JR e ele com você, e acordei então vendo a contradição que isso tem. Enquanto to aqui fritando em tudo isso, são mil encanações, tudo segue normal do lado daí. Indiferente. E não sei, não quero virar o ano com tantas incertezas, se vou te ver hoje e se vamos ficar no junto e se no fim das contas o melhor que pode acontecer é outra noite especial que se desfaz pela manhã e logo somos estranhos de novo. Decidi não ir, e acho que é a única forma de ser consequente comigo mesma. Vi".

Faça o que achar ser melhor pra você! - Encerrou a poesia.

Não to perdendo nada (porque nunca tive nada), mas era bom pra caralho. E agora, só dói.

O melhor
então
é deixa-lo longe
do meu coração.

Acalma. Viram os dias, as noites, os meses e os anos. O tempo distância e aproxima, como sempre tira o que mais nos custa. Saudações.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Sobre teus abraços

Me enlaça
Abraça meu mundo
Junta as partes
E num sorriso profundo
Acalma meu coração

Nos teus braços
Nada me incomoda
Nada me falta ou sobra
Com as pernas sobre mim
A mão que toca a minha
Estamos bem
Em sintonia

Anestesia

É mais que físico
TRANScende
O toque
A carne
E então
Somos dois
Inteiros
Que bom é te ver
Nos olhos
Sem roupa
Só pele
Olhos
E beijo

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Inspira

Quase toda carta
Descarrega um coração aflito
Te insisto, me escreva
Um beijo que for

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Não teve jeito

Não teve jeito
Teu olho fechado
Me trouxe coragem
E disso veio beijo, língua e teu corpo nu



Sua mão sob minha pele
Desliza que enlouquece
Coração, boca, pescoço e meu cu
Tudo virou uma loucura só
Querendo você dentro de mim



Entrou enquanto
Tua boca
Nos meus seios
Um beijo que trazia mais desejos
Ser sua, sem resistência
Não teve jeito
Era você
Dentro de mim










Sorri
Que gostoso é encaixar assim



Sussurrou no meu ouvido
Beijou minha boca enquanto seu peito deitava sob minhas costas
Não parava
Meu corpo inteiro tremia e gemia
Você sorria
Que presente
De repente
Não se acabava em mim

Teu pau, sua língua, suas mãos
Deixaram marcas
A cada vez que em mim entravam
Em meu pescoço
No meu peito

Que belo momento
Ter você
Por um instante
Por inteiro

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A idéia

Ideia essa
Que não me foge
Covarde!
Insisto em não querer deixar de ser
Mas tampouco consigo me manter

Da liberação a infinita prisão
Capitalismo nos condenou
De uma revolução individual
Se consolidou uma opressão social
Muito maior e mais fatal

Ser permanentemente
Uma contradição
Uma abstração
Uma aberração
Ser permanentemente
Foco de atenção
Abjeto sem atração
Sonho de liberdade, grande ilusão

Haverá transformação maior
E mais profunda
Que me arrebate e leve a força
A viver a vida
Ver o mundo
Se existe poesia
Há esperança
Para um novo dia

Transpassar o tempo

Não sei ao certo
Mas é quase como
Aquela ausência presente
Do pai sem rosto

Quando nossa mãe repetia seu nome
Colocava um prato amais
E nada
Só saudade
Que o materializava

Você
Assim
Dentro de mim quase se faz
Recria uma companhia
Meu pensamento te compartilha
E quando te vejo,
Ah, o desejo
De que se assemelhe ao cotidiano
Criado num sonho
De ter você por perto
O tempo todo

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

É o melhor que se faz

Tudo se depara com o tempo
Reflete um momento
Um sentimento
Até novamente ser tomado pelo tempo
Agora já destempo
Se faltou sincronia
Traz simpatia
Então, rima
Transforma em poesia
Fascina!
Prepara a ida
Voa, mesmo sem certeza
Viver sem medo
Sem desejo imposto
Senão trouxe aquele gosto
Nem beijo
Não lamento
É preciso ver não pela ideia
Mas pelo concreto
Senão não der certo
Acontece