eu sei que não tem mais sentido escrever, te procurar e esperar de ti o que sempre exigi e sempre nos afastou mais. agora que parece que tenho você mais perto do que os últimos meses, vejo como é instável essa nossa relação. mas sempre que os dias começam a ficar pesados demais, que eu ando chorando em cima das duas rodas da minha bicicleta e que é sincero o vazio que meu peito amarga, eu de alguma forma encontra um detalhe teu, pro meu corpo recuperar ao menos o suspiro, assim nasce um sorriso tão besta e tão teu, que mesmo sozinha, dá vergonha e vontade de me esconder, porque passaram-se meses... passaram-se anos, e eu ainda volto ao meu quarto antigo, você deitado do meu lado ao som de batatinha e pela primeira vez meu lábio tocava o seu e eu percebia que você produzia em mim algo que nunca mais achei em ninguém. sinto vontade as vezes, quando acaba alguma reunião muito tarde, pegar o último trem e tentar te encontrar pra pelo menos dar uma boa noite e se tiver sorte neste dia, roubar um beijo como antes. as vezes parece dependência demais, as vezes parece que fiquei parada todo esse tempo, mas eu sei que mudei muito. E tudo que mudei e tudo que já vivi não negarem em nada o que sinto por você, foi a prova de que realmente foi e é amor o nome disso que independe de você me responder hoje, amanhã, daqui uns dias, meses ou ignorar outra vez. essa vontade de correr pra te ver, de que eu me sinto tão pequena sem você por perto, e que um abraço daqueles que você dá quieto mas bem apertado, poderiam me tirar de cada triste pensamento que me vem a cabeça, marcada por essa sociedade que nos faz sempre tão pequenas como indivíduos. as semanas tem sido horríveis, e senão fosse pelas lembranças contigo, talvez ontem eu não tivesse dormido bem. ainda sou sua, de alguma forma. mesmo sem você me ter, ou querer isso. e dizer tudo isso, é só pra repetir o ciclo de que há anos eu quero tanto e você foge para não piorar as coisas, não dizer de frente que a desproporção é tanta que a coragem que eu não sei de onde encontrei pra te escrever de novo pode se comparar com seu descuido de não lembrar de se fazer presente. sorria, desse jeito que o mundo parece ser bom pra você, pra mim e para todos nós que sabemos o gosto amargo que ele tem. eu chamei de sua pele, esse texto, porque eu me sinto cansada de tantos caras que eu saio e a forma horrível que me sinto em ser uma mero objetivo, deposito de gozo, de carência, de fuga de tantos caras que não me provocam nada. porque não consigo buscar outras pessoas que me permitam sentir um pouco que seja da vida que seu peito produzia no meu, o coração batia com tanto sangue, tanta adrenalina... passar um dedo pelas suas costas, minha lingua na sua barriga, sua perna atrás de mim, meu pescoço marcado, são tantos toques que minha cabeça tão esquecida nunca deixou de precisar cada detalhe. porque só com você? é, parsinha, eu também não sei. só to cansada de nunca encontrar tua pele, teu sorriso, teu toque, sua tez... onde meu desejo existe de forma tão certeira, que eu faria qualquer esforço pra ter isso de volta. mais uma declaração, vc já deve não aguentar mais isso rs. queria que fosse menos patetico, o que eu aprendi amar, que inclusive pra além de mim, eu sigo desejando que encontre um amor que lhe provoque algo parecido com o que eu sinto por você e já vi pessoas me olharem assim, e a dor de não corresponder foi tão forte, porque elas não sabiam, mas eu realmente sei amar, e saber o quanto eu te amo me faz ver o quanto é falso hoje eu dizer isso pra outra pessoa. porque nada que eu sinta hoje, é metade do que você faz comigo a distância, com uma simples mensagem de tão longe, o sorriso e o coração extremece e ao menos eu me recordo que tu é esse moço que tem o futuro a tomar pela frente.