domingo, 18 de fevereiro de 2018

brisei

a força das ideias é o
que me mantem em pé
os comunistas nunca serão
tão revolucionários
quanto podemos ser
hoje
parar tudo! parar de abaixar a cabeça!
vamos com tudo! vamo pelo nosso futuro!

as forças das ideias é
o que me faz olhar com sorriso o passado
já carrego o peso dos mortos
tenho a experiência de uma classe inteira
menos tendo apenas 25
os comunistas terão tudo
menos o gosto de desafiar o futuro
de conhecer o amargo tão profundo
ter de segurar com os dedos os olhos abertos
pra não se deixar cair
em armadilhas psicologicas
que nos dizem
que nunca seremos
comunistas
como
eles serão
o nosso


futuro

sábado, 17 de fevereiro de 2018

corrosiva

as horas só foram intensificando, e cada obstáculo comprovava minha paralisia. a contragosto levantei e me concentrei até não pensar mais em mim mesma, e só assim, podia respirar sem os cigarros que sempre me acompanharam, quando ninguém mais continuo. porque agora faz tanta importância ter uma mãe, se ao longo da vida, isto se comprovou mera formalidade?  porque o menino do sorriso besta, do corpo que me eletriza e da respiração que me acalma o coração tá tão próximo pra me ferir e tão longe de qualquer abraço? porque meu corpo tão demorado para chegar aqui é sempre tão insuficiente e mesmo sem o cheiro de podre que outrora os hormonios produziam, agora é apenas... insuficiente. os hormonios não vão me trazer o que procuro né? nem todas as cirurgias do mundo e da ciência capitalista poderiam devolver os anos que me foram roubados como Virgínia, os dias que ainda serei desreconhecida, por eles, enquanto passo por eles na rua, enquanto sento no pau deles na minha cama escondidos das esposas, dos amigos, dos vizinhos, até dos meus vizinhos, até dos estranhos. estar comigo é carregar o peso. eu estava de pé até agora com aquela dor da perlutan que me faz mulher, me faz mesmo com dor seguir em frente, mesmo contra o machismo, sair a noite e desafiar o meu lugar no mundo. mas meu peito tá amargurado demais. tá sangrando, sem qualquer conforto de uma hora parar, por completo. parece que as horas e os dias, vão me cobrar muito mais. e a imagem da rua que eu descia, um dia sim e um não, para chegar ao trabalho, das manhãs, das chuvas de verão, do frio do inverno, das lágrimas sob as duas rodas, e eu pedindo pra que algo acontecesse porque eu não seria capaz de me matar ali. como não vou me matar agora, nem nunca. não deixaria um gosto de mais uma vítima deste sistema, não...mesmo. mas ele tem me vencido, me tirado o orgulho, a cara fechada agora tá destruida. há dias não uso maquiagem porque parece que só vai piorar, evitar os espelhos é evitar a verdade e deixar-se moldar pela cisnormatividade que quer me sugar pro ralo de onde ela saiu. libertem os corpos, as vidas! libertem os vivos do peso dos mortos, desta ideologia.

não posso mais aceitar que só aquele menino do beijo onde sempre me perco, imploro e me rendo por outro seja a forma de fugir da dor que me atravessa. não pode ser tão ilusória a nossa paixão, tão verdadeira mas tão surreal se olhar a realidade como ela é. meu corpo não vai mudar, os homens não vão mudar, nada disso vai mudar agora. e eu só queria desaparecer

tua pele

eu sei que não tem mais sentido escrever, te procurar e esperar de ti o que sempre exigi e sempre nos afastou mais.  agora que parece que tenho você mais perto do que os últimos meses, vejo como é instável essa nossa relação. mas sempre que os dias começam a ficar pesados demais, que eu ando chorando em cima das duas rodas da minha bicicleta e que é sincero o vazio que meu peito amarga, eu de alguma forma encontra um detalhe teu, pro meu corpo recuperar ao menos o suspiro, assim nasce um sorriso tão besta e tão teu, que mesmo sozinha, dá vergonha e vontade de me esconder, porque passaram-se meses... passaram-se anos, e eu ainda volto ao meu quarto antigo, você deitado do meu lado ao som de batatinha e pela primeira vez meu lábio tocava o seu e eu percebia que você produzia em mim algo que nunca mais achei em ninguém. sinto vontade as vezes, quando acaba alguma reunião muito tarde, pegar o último trem e tentar te encontrar pra pelo menos dar uma boa noite e se tiver sorte neste dia, roubar um beijo como antes. as vezes parece dependência demais, as vezes parece que fiquei parada todo esse tempo, mas eu sei que mudei muito. E tudo que mudei e tudo que já vivi não negarem em nada o que sinto por você, foi a prova de que realmente foi e é amor o nome disso que independe de você me responder hoje, amanhã, daqui uns dias, meses ou ignorar outra vez. essa vontade de correr pra te ver, de que eu me sinto tão pequena sem você por perto, e que um abraço daqueles que você dá quieto mas bem apertado, poderiam me tirar de cada triste pensamento que me vem a cabeça, marcada por essa sociedade que nos faz sempre tão pequenas como indivíduos. as semanas tem sido horríveis, e senão fosse pelas lembranças contigo, talvez ontem eu não tivesse dormido bem. ainda sou sua, de alguma forma. mesmo sem você me ter, ou querer isso. e dizer tudo isso, é só pra repetir o ciclo de que há anos eu quero tanto e você foge para não piorar as coisas, não dizer de frente que a desproporção é tanta que a coragem que eu não sei de onde encontrei pra te escrever de novo pode se comparar com seu descuido de não lembrar de se fazer presente. sorria, desse jeito que o mundo parece ser bom pra você, pra mim e para todos nós que sabemos o gosto amargo que ele tem. eu chamei de sua pele, esse texto, porque eu me sinto cansada de tantos caras que eu saio e a forma horrível que me sinto em ser uma mero objetivo, deposito de gozo, de carência, de fuga de tantos caras que não me provocam nada. porque não consigo buscar outras pessoas que me permitam sentir um pouco que seja da vida que seu peito produzia no meu, o coração batia com tanto sangue, tanta adrenalina... passar um dedo pelas suas costas, minha lingua na sua barriga, sua perna atrás de mim, meu pescoço marcado, são tantos toques que minha cabeça tão esquecida nunca deixou de precisar cada detalhe. porque só com você? é, parsinha, eu também não sei. só to cansada de nunca encontrar tua pele, teu sorriso, teu toque, sua tez... onde meu desejo existe de forma tão certeira, que eu faria qualquer esforço pra ter isso de volta. mais uma declaração, vc já deve não aguentar mais isso rs. queria que fosse menos patetico, o que eu aprendi amar, que inclusive pra além de mim, eu sigo desejando que encontre um amor que lhe provoque algo parecido com o que eu sinto por você e já vi pessoas me olharem assim, e a dor de não corresponder foi tão forte, porque elas não sabiam, mas eu realmente sei amar, e saber o quanto eu te amo me faz ver o quanto é falso hoje eu dizer isso pra outra pessoa. porque nada que eu sinta hoje, é metade do que você faz comigo a distância, com uma simples mensagem de tão longe, o sorriso e o coração extremece e ao menos eu me recordo que tu é esse moço que tem o futuro a tomar pela frente.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Thi

O azul lá fora
Combina com a tua mão boba
Sorrisos sem explicação 
Você me olha com tempo
As vezes parece escorrer tinta
Desses nossos momentos

Você vem
Dorme hoje
Amanhã não dorme
Passamos a lua conversando
Ate que de manhã vem 
uma calma
Ah, que alívio 
Sente a alma
De estar entre os seus

Em cada toque
Um novo ângulo 
Um novo arrepio
É de camarada
É um beijo de amigo

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Meu quarto ainda tem

E todos os cheiros
Que já passaram
Tanto gozo dado
E tesão calado libertado
Tantos homens
Que com sua confiança
Me encantam
Eles entram dentro
De mim, mas não importa
O tamanho do pau
Não alcança o vazio

Ele que entrava
E meu corpo reconhecia
O gosto por todos os poros
Era também representação
Nunca foi real
Mas deixou em mim
Um cotidiano de cicatriz
Que vai e volta
Me colocando dentro e fora
De mim, no teu lugar
Queria você aqui
Mas pra ocupar o espaço
Deixe ocupar em mim
O teu humor de silêncio



quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Toc toc toc

- hormônios.
Em alta!
Assumimos o controle
Mas não em qualquer condição
Num corpo que se castiga
Pra fazer-se
Numa sociedade
Que castiga impunemente
á serviço de uma classe determinada
As ideias que me surgem
Transmiti nas veias
ideias dessa ordem
De coisas
Morais

...

Coração disparado
Não, não é romance
Não é moral
São minhas veias
Que transportam
Pílulas capitalistas
Irracional
O homem recusa um beijo
Mas pede pra ser mamado
Expulso ele de casa
Coração acelera
Não estou segura
Mesmo sozinha
Não estou sozinha
Ideologia
Ideias deles
Querem me invadir
Resisto
No corpo
E na mente
Sou parte
De algo muito maior
Ô que há mais de mais elevado
De humanidade
E luta
E o orgulho
Por todas
Nós
Contra

  1. Eles

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

5 meses passados

Cartas
Poemas
A letra escrita
Romance
Politica
E poesia
Um pouco de nós
Em 5 meses
Do tempo que
Vira fumaça
Na tua boca
E me beija
É sei que não se conta
Nem pelo tempo
Nem pelo momento
O que sinto
É amor camaradagem verdadeiro
Como um tiro
Deixa no peito
Aquele suspiro
De quando te vejo
Ser o primeiro ou o último
Soneto