quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Ironia

Mundo binário
Ensinou a tomar um lado
Medo permanente de ser descoberta
Pra sobreviver, começa sua nova peça

Se engana o suficiente pra esquecer
Se convence ser comum, cada dia menos diferente
A fantasia que criou constrói um precipício
A verdade, sem escolha, te perturba a mente

Negar-se, omitir-se, tornar-se invisível
Grande ilusão achar que poderia

Ironia, quem diria
que ser você mesma
Causaria tanta surpresa

Coração dispara porque não se reconhece
Todo dia lembra e depois se esquece
Não se pode ser outra que não a outra
Deixada pelo desprezo que não diminuiu
Cresce

Tristeza infinita
Busca na ilusão uma nova vida
Desejou tanto ser cis
Destino infeliz
Se esqueceu do orgulho, da revolta
Deixou-se levar pra um caminho sem volta

Sozinha, não por acaso
Paga o preço que lhe foi cobrado
Não pode burlar sua opressão
Acostumou-se ao amor dizer sempre não

Contradição
como ela é
Quer se encaixar no mundo real
Que só o ódio a conhece
Se reconhece
Na
Revolução
Aquela que leva o antigo sonho
Da libertação

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