sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Ah!

!

Parece que criou sentido
A fumaça aumentou o sorriso
Os olhos e o toque mesmo timido
Era doce, o sabor que trazia consigo

Quis beija-los
Um amor irrecusavel
Mas sorri e decidi partir
Eram os dois tão presos ali
Entre o amor e os limites do desejo
Faltava um beijo?
Ah...

Faltava a liberdade de se ser
Mas os olhos beijavam
As mãos beijavam
E os labios?

Os lábios mesmo proibidos
Viram
Os braços e pernas tímidos
Sentiram
Ah! Não se permitiram

O olho fez poesia
Atestou-se no riso
Foi um amor-proibido
Que já não podia esquecer o sentido

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Queda livre

Todos os sonhos
São humanos
Mas os desejos talvez
Não sejam para todos

A nossa solidão das mulheres trans
Não se resume a falta de alguém
A negação da vida e do afeto
Aprofunda o desespero

Me afastar, então, cada vez mais
Me reconstrói, na busca de me encontrar
Me ergo sob minhas próprias convicções
Já com os pés no chão, recobro a aquela auto-proteção

Sob as possíveis condições
Me refaço, me desfaço
Já não confio nas palavras
Vazias como a relação perdida
Sem ações concretas, buscas ou esperas
Nessa contradição permanente
O que sou?
Me recuso a ser apenas falta

Atingiu em cheio
Ao teu lado, cada vez mais mulher
E menos eu mesma, capaz de me reinventar
Presa em comprovar, em confirmar
Pouco livre pra ser e me sentir bem
Binária, pra não te perder
Me perdi

A ti faltou coragem
Educado a reproduzir a ordem
"Gosto" naturalizado
Quem se atreve a gostar de mal olhado?

Não há consideração
Tentei preservar algo
Mas que relação?
A melhor relação que tive
Foi a que não tive
Estranho, mas muito pouco
Natural não questionar o próprio gosto

Meu corpo em transformação
Vida ou morte, falsa polarização
A sorte dos sonhos
Depende da Revolução

E todo fim de noite
Antes de dormir
Vejo uma nova o oportunidade
De me reconstruir

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Novos Conselhos


A dor é todo o dia
A fumaça entra, alivia
Mas não é capaz de resolver
Ninguém poderia
A dor de viver, do mundo
Não é capaz de ser curada
Por alguém

Me enganei
Me apaixonei
Me inventei
Fiz disso arte, poesia
Me libertei em pequeno, à dois
Aos poucos e tão rápido
Tentei ali parecer menos vazia
Mas o desprezo me encontrou
E me mostrou
Que a solidão trans
É que estive ali sempre sozinha

Se não vivemos só de política
Também é revolucionário se amar
Sem auto-piedade
Sentir-se bem, à vontade
Revolucionário é sorrir
Ser feliz num mundo feito pra te oprimir

Moça, não se esqueças
São apenas sua cabeça e pernas que te sustenta
Não precisa correr, viva!
Mas volte pra casa
Mesmo se estiver dificil de respirar

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Capitalismo não me venceu. E não vencerá.
Tive que rir do mito de imortalidade
Um bom conselho
As revoluções só são impossíveis
Até que se tornem inevitáveis

Por isso.
Sobrevivo

Tempo ao tempo


Quando escrevo
Sabe que te comunico
Que ainda sinto
Ora bem ora mal quisto

Me despeço, sem palavras
Ou sorriso
Não fico mais por aqui
Já não faz sentido

O tempo traz coerência
Deixamos ele cuidar de nós
Afastou de mim a ilusão
Infeliz inocência
Custou minha paciência
Construiu um abismo sem proteção
Pulei de cabeça
Descobri depois que era
Paixão
Que complicada invenção
Reduz o nosso coração
A uma ideia incessante
Que já não mais satisfaz
Mas não nos deixa em paz

Chega
Como tudo é construído
Também decido
- quero descer

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Se o futuro nos pertence

Se o amor fosse livre
Talvez não houvesse o medo
Curioso sonho
Viver sem este mal desespero

Se as pessoas fossem livres
Talvez não houvesse o receio
Ardilosa vontade
Viver a vida por inteiro

Se o mundo fosse livre
Poderíamos reiventa-lo
Seríamos então seres humanos
Melhor preparados
Menos frustrados
Mais amados

Se este poema fosse lido
Talvez lhe trouxesse um sorriso
Em troca de um desabafo perdido
Encontraria um antigo sonho de um oprimido

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Neblina

Nome correspondente
Ao frio latente
Mas atravessa tão rápido
Pois é feita de vazio, não de concreto

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Até assusta

Relações vazias

A questão

Não era romper o silêncio
Mas sim, o desejo
Então
Rompi

Luto

Silêncio inconfortável
Faltam palavras para rompe lo
Talvez sentimentos
Respostas ou ao menos um desejo

Você me deu momentos
Que nunca senti
Foram dias mais felizes
Dos mais felizes que vivi

Mas esteve certo em seu prognóstico
Não pude lidar com este momento
Desespero
Passar a vida esperando por outro momento

Solidão que rasga
O problema não foi me esquecer
Mas justamente saber
Que sempre fui muito pouco
Solidão de você
O problema não foi escolher viver
Mas justamente saber
Que nada mudou

Carinho enorme que guardo no peito
Te escondo este outro versos
Melhor não repetir o enredo
Monólogo solitário
Beijos longos e saudades
Sonho ultrapassado

domingo, 4 de outubro de 2015

Suicídio da alma

Nem tempo pra suspiro
Só o ódio
Pra nos manter vivos
Hoje, só o ódio

No chão, a travesti morre
Ninguém jamais saberá seu nome
Nos jornais, fala-se de outra morte
De tal homem que ninguém conheceu
A versão dos verme é de suicídio ou qualquer crime que cometeu

No peito já não cabe mais
Atada das mãos a voz
O revide parece tão pequeno perto do mal que nos traz
Só sobreviver, não satisfaz

O ódio vai consumindo
Cada dia mais subtraindo
Não existiu paz até então
Nos levantamos e lutemos irmão

Desejo é de vingar
E de morrer em seguida
Dar um fim nestes vermes
Sem legitimar essa vida

Nem tempo pra suspiro
Só o ódio
Já não pode nos manter vivos
Hoje, só o ódio
É tudo que sinto

Atiro-me
Na cabeça
Fim de festa
Senão deu pra ir mais longe
Fui só mais uma, apenas essa
Satisfeita, mas longe do sonho que carreguei
Quem dera fosse o amor o sentimento que despertei

Mas a vida é concreta, não me esqueço
Senão pude concluir nosso plano
Torço pelos que seguirão lutando
A morte será meu alívio, tão necessário
É... Fim de papo

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Desapaixonar-se

Dor forçada
Não te procuro sendo que é onde mais queria estar
Um abraço, um afago
Um sorriso poderia me fazer melhor
Mas só neste instante

Dor guardada
Toda força que tenho está concentrada
Em não dizer mais nada
Triste é saber que a ti vontade falta
Vai passar...

Natural não me procurar
Nunca teve mesmo o que falar
Duvido mais do que sentiu
Volto a mim, restou vazio

Me consome
Me dissolve
Queria desaparecer
Voltar quando te ver
Seja tão bom
Quanto é hoje necessário te esquecer