quarta-feira, 11 de julho de 2012

Para longe das conversas, dos cafés e dos abrigos.

11 de Julho de 2012

A maioria das relações hoje são estabelecidas pelo formato montado e arruinado da classe dominante. As relações são reproduzidas através do modelo padrão inquestionável. Tanto amigo quanto namorado são equivalentes as outras termologias de parentesco: mãe, pai, tio, tia, sobrinho, sobrinha. Todos reguladores da nossa sexualidade. O que se tem hoje ainda são os modelos de família e de relações pequeno-burguesas que já conhecemos e vivenciamos desde nosso berço. Sabemos que não nos satisfazem, a medida que nossa consciência avança, exige mais de nós mesmos e de nossos camaradas. É parte de modos de vidas comunistas, superação das relações forjadas no capitalismo. É parte de superação do que têm sido a humanidade e seus valores. É parte de um total que construiremos a partir do fim da sociedade divida em classes, de opressões, de exploração.

Se por um lado, grande parte dos amigos que perdemos se vão em relações monogâmicas exclusivistas. Por razões óbvias, a monogamia combatedora da solidão e "seguradora da maior felicidade do maior amor verdadeiro e da vida compartilhada com a pessoa que mais te amará" requer a vida exclusivista, individualismo à dois. A bolha. As quatro paredes. Esta impede uma relação mais revolucionária, porque todas as suas demais relações são determinadas pela relação estabelecida com sua companheira ou seu companheiro.

Mas todas as relações monogamicas são assim? Individualistas à dois?
Em distintos niveis, sim.

Isso, eu afirmo, pela construção dessa relação monogamica. Porque é possivel que uma pessoa, por qualquer motivo do mundo, em uma determinada época, estabeleça relação sexual apenas com um companheiro. Agora, essa relação se constrói de "eu gosto só de você"? Se ela se construir de exclusismos, que para a burguesia (e somente na sua visão perturbada) a exclusividade é equivalente á amor verdadeiro, real, superior aos demais, então ela ingendará estes desvios, ainda que em niveis distintos.

A contraposição a monogamia, para superar os limites burgueses das relações, não pode ser a poligamia ou a poliandria. Não é uma questão quantitativa de pessoas que se estabelece relação sexual. Talvez fosse - sem encarar quantitativo em contra posição a qualitativo - em relações profundas. Tão pouco pode ser encarado como uma questão de forma, é exclusivamente uma questão de contéudo, que diferencia as relações revolucionárias das relações pequeno-burguesas degeneradas. A prioridade dada à quem divide e oferece prazer sexual é uma contradição que a monogamia não pode superar. É a contradição da sexualidade exclusivamente presa vida privada. É a capacidade de amar, de entregar-se, de gozar (tanto no sentido sexual quanto nos outros que nos realizam), de chorar, de dar e criar intimidade para dentro de um quarto, que depois se tornará um assunto velado. E se o sexo é feito, entre camaradas, sem uma relacionamento "tradicional" - isso é, de namoro - então deve ser esquecido. E se não puder ser esquecido, ao menos, silenciado.

Mas para analisarmos isso atualmente, peguemos como parametro o cinema, que Trotsky em Questões do Modo de Vida dizia ser uma das ferramentas mais revolucionárias que tinham sido criadas, pela sua facilidade de compreensão e grande capacidade de introzamento e divertimento. Atualmente, utilizado para expor a degenerada moral burguesa e sua realidade pouco conhecida, apesar de incentivada ao desejo de tê-la, pela classe trabalhadora. Se pegarmos os exemplos de filmes do diretor Woody Allen, onde Vick Cristina Barcelona, impacta uma juventude que é criada na visão única de relação a dois. Porém, o que é preciso se atentar é que estes filmes cumpre dois papeis importantíssimo. Em primeiro lugar, é preciso identificarmos a necessidade da burguesia em dialogar com os desejos e prazers bissexuais e por fora da relação monogamica - no caso ainda, de casamento formal, igreja e etc. A segunda é ainda mais determinante: o limite de aceitação para tais condutas.

A burguesia menos conservadora - aqui exclui-se entre estes, os fundamentalistas religiosos - expõe essas outras possibilidades de relação, com o objetivo de impor os limites. Pode. Mas só enquanto for juventude, depois é preciso crescer. E depois que crescer, é preciso achar alguém para dividir a vida eternamente. O que eu estabeleceria um paralelo, com bastante cautela, com minha crítica a Kolontai[1].

O individualismo de época que tanto na estratégia - como o autonomismo -, mas como para dentro das relações e o modo de vida precisa ser superado. Este, por si só, impõem valores anti-operário (com a divisão da classe trabalhadora) e um erro em pensar que é possivel viver isolado, não encarando o ser humano como um ser social. 
A realidade de hoje impõem o marxismo como método de análise se quisermos avançar nas transformações estruturais, isto é, o materialismo histórico e dialético é fundamental na busca por uma estratégia para vencer, capaz de derrotar a burguesia e seu regime de exploração. Porque somente assim, com o fim da desigualdade social e consequentemente a divisão de classes, que é possivel pensarmos no fim das relações utilitaristas e de posse.

É nesse momento que as relações individualistas acabam cumprindo um papel alienador. Quando a subjetividade voltada a vida privada, a vida dividida a dois, ganhe mais foco e atenção do que os acontecimentos internacionais que determinam o futuro de nossa classe (até mesmo, de continuarmos dividos em classe).

Hoje quando a juventude tem protagonizado os primeiros levantes, nos países imperialistas contra a crise, e nos países perifericos, contra os regimes, é importante ligar as questões mais intimas com a busca na história de lições e erros para não oferecer a burguesia a chance de despejar a crise sobre nossas costas e impor mais uma derrota ao proletariado. Tão somente pela traição das direções quanto por seus erros que abrem-se possibilidades para os grandes capitalistas fugirem do que os aguarda, nossa revolução.

Atenção, jovens.
Somos nós a caixa de ressonância que avisa a abertura de novos tempos. Somos nós, o prólogo que indica o despertar da classe trabalhadora após trinta anos de ideologia de fim da história, fim da classe operária e a ideia de capitalismo a de eterno.
Sejamos mais. Sejamos a aliança com a classe trabalhadora e seus fieis dirigentes que juntos colocaremos a burguesia no seu devido lugar: o passado. 
Para assim então libertarmo-nos das figuras libertárias de relacionamentos que de fundo são grandes  negócios para a burguesia. A mais libertária forma de se relacionar é, sem dúvidas, a forma capaz de permitir que o individuo se relacione constantemente consigo mesmo e com a natureza, a qual os seres humanos constrói.

As relações partem de uma outra perspectiva, que não se pode ter hoje, dentro do capitalismo, pois é uma forma de se relacionar com a vida distinta. Sem divisão de classes, sem opressão e sem termologias para regulamentarizar. Sem a ideia de sexo padrão, sem a concepção de relação de poder entre gêneros e mais importante, relações sem influencia econômica.

[1] É com muito cuidado com estabeleço essa similaridade, pois a Kolontai era uma revolucionária. Uma das mulheres mais importantes que a historia já teve que junto de outras lutadoras impulsionaram as primeiras teorias e regastes históricos sobre a sexualidade e a opressão da mulher. Mesmo assim, me esforço no combate à visão de que o amor-camaradagem (e para a burguesia, a época de "viver a vida enlouquecidamente" seja um estágio primário que tenha de ser superado. Não encaro a monogamia como sua superação, pelo contrário. Texto completo em: http://caminhodeovos.blogspot.com.br/2012/07/monogamia.html

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