segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Meu quarto ainda tem

E todos os cheiros
Que já passaram
Tanto gozo dado
E tesão calado libertado
Tantos homens
Que com sua confiança
Me encantam
Eles entram dentro
De mim, mas não importa
O tamanho do pau
Não alcança o vazio

Ele que entrava
E meu corpo reconhecia
O gosto por todos os poros
Era também representação
Nunca foi real
Mas deixou em mim
Um cotidiano de cicatriz
Que vai e volta
Me colocando dentro e fora
De mim, no teu lugar
Queria você aqui
Mas pra ocupar o espaço
Deixe ocupar em mim
O teu humor de silêncio



quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Toc toc toc

- hormônios.
Em alta!
Assumimos o controle
Mas não em qualquer condição
Num corpo que se castiga
Pra fazer-se
Numa sociedade
Que castiga impunemente
á serviço de uma classe determinada
As ideias que me surgem
Transmiti nas veias
ideias dessa ordem
De coisas
Morais

...

Coração disparado
Não, não é romance
Não é moral
São minhas veias
Que transportam
Pílulas capitalistas
Irracional
O homem recusa um beijo
Mas pede pra ser mamado
Expulso ele de casa
Coração acelera
Não estou segura
Mesmo sozinha
Não estou sozinha
Ideologia
Ideias deles
Querem me invadir
Resisto
No corpo
E na mente
Sou parte
De algo muito maior
Ô que há mais de mais elevado
De humanidade
E luta
E o orgulho
Por todas
Nós
Contra

  1. Eles

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

5 meses passados

Cartas
Poemas
A letra escrita
Romance
Politica
E poesia
Um pouco de nós
Em 5 meses
Do tempo que
Vira fumaça
Na tua boca
E me beija
É sei que não se conta
Nem pelo tempo
Nem pelo momento
O que sinto
É amor camaradagem verdadeiro
Como um tiro
Deixa no peito
Aquele suspiro
De quando te vejo
Ser o primeiro ou o último
Soneto

sem cabimento

tem eles
que só de saber
que está me sarrando
de ver
de sentir
a parte de baixo
do teu sorriso branco
na boca preta
da lingua
que há pouco
me penetrava
ah
me
satisfaz

na busca de autenticidade
coloco-me por fora
me acham feia
por ser mulher trans
por ser trans
por ser eu
De fato

Mesmo defendendo que
Somos uma construção,
tijolo sob tijolo
que não caiu do céu
nem da fé
mas do peão
sou tão social, tão natural ou essencial
quanto se avançou
a sociedade
o teatro
e a tecnologia
tão social, tão natural ou essencial
quanto a rima
só me faço sentido
no mar de contradições
que afogam uma ideologia
em combate a outra

tem dias
que Imagino me arrancando a pele
O rosto todo
se já se corta
quero corta-lo todo
desaparecer para não ser vista
sei que um dia de xuxu
será um dia esquecido
um dia abafado
não vivido
não lembrado
não respeitado
pelo que me tornei

em ti
é tão fácil achar beleza
e deixar teu corpo se tornar perfeição
aqui
não há alivio,
nem descanso de encontrar
uma nova prisão

no fundo a inveja que tinha
daquele corpo daquele moço
daquela liberdade, daquela
tran-qui-li-da-de
de ser irresponsável sem temer
do conforto nu
hoje provoca ansia
nojo de submeter-me a miséria
ao conforto da migalha
se alguma coisa aprendi com aquele sorriso bobo
é que a felicidade precisa ser racional
nunca fui tão amada
como aprendi a amar a mim mesma
não por auto-suficiencia
mas por combate
cotidiano
no cambo de batalha
a guerra psicologica
não cabe capitalismo aqui
não cabe teu padrão aqui
não cabe tua ideologia aqui
não cabe tua insegurança aqui
não cabe tua fragilidade aqui
não cabe a mim ser vítima
somente cabe
uma tarefa
emancipar-nos

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

e a vida segue

dentro de um corpo proibido
meu desejo é político
impar em plurais
de falta de satisfação
coração delacerado
com ritmo incansável
de ferir-se
com fome
de aqui e agora

e a vida segue?
segue

com dor nos dentes
o frio quieto escondido
guardado no olhar
propositalmente
combinasse a um sorriso
em busca de pré-fabricar-se
combate a maquina
que me vê como lucro
todo o dia

e a vida segue?
segue

hormônios machucam,
o corpo
hormônios liberam
os olhos a ver-se
uma transformação
incompreensivel para muitos

e a vida segue?
segue

cansada,
desmoralizada,
o tempo perfura a história
paralisa a caminhada
os olhos tampam
os sonhos que não estão ao alcance da mão

e a vida segue
ora,
ela seguirá
mesmo sem mim

quando nos rebelamos
questionamos
cada uma
cada uma
das normas
das regras
da moral
que nos aprisiona

quando achamos sentido
em desfazer as pré-ideias
ensinadas nos livros capitalistas
que nos dá vida
pela primeira vez

a vida segue?
segue
bonita,
e com suas necessidades
já não sei ser sem vida
com teu ritmo imparável
enquanto corremos
novo mundo possibilitasse
por assalto,
não seguimos
avançamos

Meu corpo

Eu estou cansada de ser
talvez
Cansada de ser
Objetivo de estudo
meu corpo nu
quer gritar
meu corpo nu
e chorar....e chorar... e chorar

Meu corpo nu
Um arrepio frio
De ser talvez
Objeto diz tudo
Objeto diz tudo
Abjeto diz tudo
Abjeto de estudo
Pra agradar a folha
Mantendo a vida sem cor

Meu corpo nu
vontade de cortar
tudo o que não satisfaz