quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Capitalismo: a arte de transformar migalha em sobrevivência

Você não faz ideia como meu corpo se sente. E não te importa, apesar de ouvir vez ou outra quando um impulso de coragem e desespero me faz te procurar. Compartilhei cada segundo e cada pedaço do meu corpo em transformação, me fiz confundida com você, foi de propósito, mas perdi o rumo. Capitalismo domina quando a gente se distrai, faz parecer que é amor é pra ser correspondido, quando na verdade só faz aumentar a angústia de estar tão só. Você me encanta e só poderia deixar de ser o que é pra mim, se eu decidisse te parar. A vida se impôs, e eu consciente do fim, deixei. Por cada fresta, sugavam-se os momentos e sensações que guardei de ti, pra me fazer companhia.

Meu coração (me) bate e (me) tortura, me aflinge a bosta de relação que construímos que tanto faz minha presença na sua vida. Drama! Cada segundo uma eternidade de sofrimento. Você parece que vai durar pra sempre. É quase meus comprimidos diários, mas é mais próximo do cigarro, que parei. É uma relação que não quero ter, ainda que nunca deixei de gostar e querer por perto. Fumem ao meu lado, imploro as amigas íntimas. A fumaça não me tortura, alivia. Senão posso ser sujeito disso, que esteja entre as que são. Como você, que prefiro te ver ao não te ver, prefiro ficar com você do que não ficar, mas sobretudo prefiro me sentir bem, do que viver de poesia.

O duro é quando a relação passa antes [da poesia,]
será que comprei papel demais
ou rendeu a tinta?

Teu corpo ainda reflete
a melhor rima
que humaniza
a cada toque que atingia.

Escrevi então:

"(...) durante todo esse tempo sempre tive o cuidado pra não ser escrota, e não causar. Fiquei esperando seu email, mas agora vejo que é só mais uma esperança que vou alimentando, não faz diferença, no fim. Não é verdade que não me importa nada depois, geralmente quando estou com você penso isso, porque estou com você. Não quero seguir alimentando mais isso e ir e voltar mil vezes nessas discussões que sinceramente não acredito que possam ajudar, você me vê transparente o tempo todo enquanto eu sempre lido com o silêncio como um suspiro de que ainda há chances. Mas chances de que? É isso. A relação que temos é nua e crua. E eu tenho que reconhecer meus limites que não permite hoje ter algo assim, quando sinto tantas coisas amais. Sei que vire e mexe escrevo coisas meio do nada, sou assim mesmo, e fazer o que. Acho que quero me afastar de você, dessa vez de forma consciente e com objetivo de realmente parar de gostar de você, do seu sorriso, do jeito que te olho. Tinha combinado de ir no Dube com o JR e ele com você, e acordei então vendo a contradição que isso tem. Enquanto to aqui fritando em tudo isso, são mil encanações, tudo segue normal do lado daí. Indiferente. E não sei, não quero virar o ano com tantas incertezas, se vou te ver hoje e se vamos ficar no junto e se no fim das contas o melhor que pode acontecer é outra noite especial que se desfaz pela manhã e logo somos estranhos de novo. Decidi não ir, e acho que é a única forma de ser consequente comigo mesma. Vi".

Faça o que achar ser melhor pra você! - Encerrou a poesia.

Não to perdendo nada (porque nunca tive nada), mas era bom pra caralho. E agora, só dói.

O melhor
então
é deixa-lo longe
do meu coração.

Acalma. Viram os dias, as noites, os meses e os anos. O tempo distância e aproxima, como sempre tira o que mais nos custa. Saudações.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Sobre teus abraços

Me enlaça
Abraça meu mundo
Junta as partes
E num sorriso profundo
Acalma meu coração

Nos teus braços
Nada me incomoda
Nada me falta ou sobra
Com as pernas sobre mim
A mão que toca a minha
Estamos bem
Em sintonia

Anestesia

É mais que físico
TRANScende
O toque
A carne
E então
Somos dois
Inteiros
Que bom é te ver
Nos olhos
Sem roupa
Só pele
Olhos
E beijo

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Inspira

Quase toda carta
Descarrega um coração aflito
Te insisto, me escreva
Um beijo que for

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Não teve jeito

Não teve jeito
Teu olho fechado
Me trouxe coragem
E disso veio beijo, língua e teu corpo nu



Sua mão sob minha pele
Desliza que enlouquece
Coração, boca, pescoço e meu cu
Tudo virou uma loucura só
Querendo você dentro de mim



Entrou enquanto
Tua boca
Nos meus seios
Um beijo que trazia mais desejos
Ser sua, sem resistência
Não teve jeito
Era você
Dentro de mim










Sorri
Que gostoso é encaixar assim



Sussurrou no meu ouvido
Beijou minha boca enquanto seu peito deitava sob minhas costas
Não parava
Meu corpo inteiro tremia e gemia
Você sorria
Que presente
De repente
Não se acabava em mim

Teu pau, sua língua, suas mãos
Deixaram marcas
A cada vez que em mim entravam
Em meu pescoço
No meu peito

Que belo momento
Ter você
Por um instante
Por inteiro

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A idéia

Ideia essa
Que não me foge
Covarde!
Insisto em não querer deixar de ser
Mas tampouco consigo me manter

Da liberação a infinita prisão
Capitalismo nos condenou
De uma revolução individual
Se consolidou uma opressão social
Muito maior e mais fatal

Ser permanentemente
Uma contradição
Uma abstração
Uma aberração
Ser permanentemente
Foco de atenção
Abjeto sem atração
Sonho de liberdade, grande ilusão

Haverá transformação maior
E mais profunda
Que me arrebate e leve a força
A viver a vida
Ver o mundo
Se existe poesia
Há esperança
Para um novo dia

Transpassar o tempo

Não sei ao certo
Mas é quase como
Aquela ausência presente
Do pai sem rosto

Quando nossa mãe repetia seu nome
Colocava um prato amais
E nada
Só saudade
Que o materializava

Você
Assim
Dentro de mim quase se faz
Recria uma companhia
Meu pensamento te compartilha
E quando te vejo,
Ah, o desejo
De que se assemelhe ao cotidiano
Criado num sonho
De ter você por perto
O tempo todo

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

É o melhor que se faz

Tudo se depara com o tempo
Reflete um momento
Um sentimento
Até novamente ser tomado pelo tempo
Agora já destempo
Se faltou sincronia
Traz simpatia
Então, rima
Transforma em poesia
Fascina!
Prepara a ida
Voa, mesmo sem certeza
Viver sem medo
Sem desejo imposto
Senão trouxe aquele gosto
Nem beijo
Não lamento
É preciso ver não pela ideia
Mas pelo concreto
Senão não der certo
Acontece

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Status

Minha fome não é maior
que minha preguiça
Assim como meu cansaço não é maior que minha alegria
Viva a luta secundarista!

Tudo bem

Acabou a tortura
Mas também as borboletas
Ainda gosto de você por perto
Assim, tranquilo
Estranho só
Que gosto mais de mim
Agora que te gosto menos
Mas enfim

sábado, 21 de novembro de 2015

Inconfortável

Inocência
Desprotege
Não vê, não percebe
Descobre-se estranho
Pelo outro
E doí
Ver em outros olhos
Sua caricatura
Quem entenderia
Tamanha loucura
Acreditar ser
O que realmente se quer ser
Não lhe o que está (im)posto
Pois, se desperta desgosto
Melhor
Pois sigo do lado oposto

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Ainda

Eu trânsito entre os meses
Você é só novembro
Atraio solidão
Não dessas de me sentir só
Mas de sentir sozinha
Seu toque por engano
Coração sai pela boca
Até quando?

Transfobia

Risadas sem graça
Incômodo próprio
Imagina ou entende?

Riem dele
Porque riram de mim
Disseram algo,
Mais ou menos assim
Onde já se viu
Rapaz tão bonito
Com aquele traveco ali?

Se ouviu
Não sei, também não importa
A coragem que lhe faltou
Eu não tive escolha
Sempre por conta
Sei
Ha que resistir

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Vai embora de vez

Vai, leva embora
Escreve outra linha
Alivia
Tira de mim
Transforma em poesia
Rima
Desafinando
A minha sina

Deitada
Ao lado
Tão longe e tão distante
Sigo relutante
Quero ceder
Mas não há mais como voltar

Paralisada
Ao lado
Tão grande e tão pequeno
Sigo ou desisto
Vejo a cena em tempo real
Mas é como se fosse recordação
Completamente independentes
Não posso tocar a mão

Aceito
Choro sem som
Dormir e guardar o amargo
Sentir pela manhã
Ao menos
Já será passado

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Colorir

Faltará tinta
No dia que o céu for livre
Pra todos serem o que são
Cobertos pelo sol, sem nenhum tipo de opressão
Faltará nomes
Pra descrever o mundo sem as misérias
O que sentimos, o que nos tornamos
O novo ser sem medo de viver
Faltará a falta que  nos entristece
Que hoje enche o peito de vazio e fumaça
Não faltará amor, não faltará sonhos
O novo mundo se abrirá para o futuro
Onde o presente dominará o passado
E nossos corações enfim serão salvos

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Sonho meio cheio ou meio vazio

Meus sonhos doem
Mas só quando acordo
Suponho eu porque
Você não existe como te fiz

Como pode um sonho machucar?
Em fração de segundo, do desejo
Transformar em desprezo e solidão
Destrói assim mais um pouco meu coração

Teus olhos congelavam me,
beijo em meu pescoço e sorrisos
todo o controle sobre mim,
pernas tremiam e
Meu coração bateu como se fosse verdade
Incansável, como se já soubesse que pararia logo depois
para deixar de sentir tamanha dor
De não ter nem espaço mais para a voz

Porque então acordar?
Pra dar vazão ao vazio que sou
Fantasia infantil
Todo o dia repito e vou me convencer
Pra poder seguir vivendo, sem me esconder
Você vai ter de desaparecer
Um dia
Vou ter coragem para me despedir
Dizer não pra mim
E talvez assim, acordar já sem sua presença ausente
Sem me repetir que já chega
Enquanto anseio te reencontrar

Desespero
Não passou
Desprezo da realidade
Fantasia do sonho
Combinam
Para me deixar
Assim
Vazia

domingo, 8 de novembro de 2015

Enfim

Agora é só poesia
Já não carrega mais simpatia
Cada dia mais,
Menos sentido faz
Permanecer é...
Seria o mesmo que dizer
Siga os velhos conselhos
Nos novos tempos

Auto-piedade nunca foi revolucionária
Esconde de nós a responsabilidade
De cabeça em pé, como sempre foi
Os pés tocam o chão, reforçando que não

Que venham, então
Novas batalhas
Aprendo a ser derrotada
Sem permitir que o peso
Nos enterre por completa

Nada como um dia sem se repetir
Pra recompor as ideias
Fortalecer a certeza de existir
Ainda há tempo

Acompanha

Hoje a noite eu me perguntei
Você aqui de novo?
E não estava

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Ah!

!

Parece que criou sentido
A fumaça aumentou o sorriso
Os olhos e o toque mesmo timido
Era doce, o sabor que trazia consigo

Quis beija-los
Um amor irrecusavel
Mas sorri e decidi partir
Eram os dois tão presos ali
Entre o amor e os limites do desejo
Faltava um beijo?
Ah...

Faltava a liberdade de se ser
Mas os olhos beijavam
As mãos beijavam
E os labios?

Os lábios mesmo proibidos
Viram
Os braços e pernas tímidos
Sentiram
Ah! Não se permitiram

O olho fez poesia
Atestou-se no riso
Foi um amor-proibido
Que já não podia esquecer o sentido

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Queda livre

Todos os sonhos
São humanos
Mas os desejos talvez
Não sejam para todos

A nossa solidão das mulheres trans
Não se resume a falta de alguém
A negação da vida e do afeto
Aprofunda o desespero

Me afastar, então, cada vez mais
Me reconstrói, na busca de me encontrar
Me ergo sob minhas próprias convicções
Já com os pés no chão, recobro a aquela auto-proteção

Sob as possíveis condições
Me refaço, me desfaço
Já não confio nas palavras
Vazias como a relação perdida
Sem ações concretas, buscas ou esperas
Nessa contradição permanente
O que sou?
Me recuso a ser apenas falta

Atingiu em cheio
Ao teu lado, cada vez mais mulher
E menos eu mesma, capaz de me reinventar
Presa em comprovar, em confirmar
Pouco livre pra ser e me sentir bem
Binária, pra não te perder
Me perdi

A ti faltou coragem
Educado a reproduzir a ordem
"Gosto" naturalizado
Quem se atreve a gostar de mal olhado?

Não há consideração
Tentei preservar algo
Mas que relação?
A melhor relação que tive
Foi a que não tive
Estranho, mas muito pouco
Natural não questionar o próprio gosto

Meu corpo em transformação
Vida ou morte, falsa polarização
A sorte dos sonhos
Depende da Revolução

E todo fim de noite
Antes de dormir
Vejo uma nova o oportunidade
De me reconstruir

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Novos Conselhos


A dor é todo o dia
A fumaça entra, alivia
Mas não é capaz de resolver
Ninguém poderia
A dor de viver, do mundo
Não é capaz de ser curada
Por alguém

Me enganei
Me apaixonei
Me inventei
Fiz disso arte, poesia
Me libertei em pequeno, à dois
Aos poucos e tão rápido
Tentei ali parecer menos vazia
Mas o desprezo me encontrou
E me mostrou
Que a solidão trans
É que estive ali sempre sozinha

Se não vivemos só de política
Também é revolucionário se amar
Sem auto-piedade
Sentir-se bem, à vontade
Revolucionário é sorrir
Ser feliz num mundo feito pra te oprimir

Moça, não se esqueças
São apenas sua cabeça e pernas que te sustenta
Não precisa correr, viva!
Mas volte pra casa
Mesmo se estiver dificil de respirar

1
2
3

Capitalismo não me venceu. E não vencerá.
Tive que rir do mito de imortalidade
Um bom conselho
As revoluções só são impossíveis
Até que se tornem inevitáveis

Por isso.
Sobrevivo

Tempo ao tempo


Quando escrevo
Sabe que te comunico
Que ainda sinto
Ora bem ora mal quisto

Me despeço, sem palavras
Ou sorriso
Não fico mais por aqui
Já não faz sentido

O tempo traz coerência
Deixamos ele cuidar de nós
Afastou de mim a ilusão
Infeliz inocência
Custou minha paciência
Construiu um abismo sem proteção
Pulei de cabeça
Descobri depois que era
Paixão
Que complicada invenção
Reduz o nosso coração
A uma ideia incessante
Que já não mais satisfaz
Mas não nos deixa em paz

Chega
Como tudo é construído
Também decido
- quero descer

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Se o futuro nos pertence

Se o amor fosse livre
Talvez não houvesse o medo
Curioso sonho
Viver sem este mal desespero

Se as pessoas fossem livres
Talvez não houvesse o receio
Ardilosa vontade
Viver a vida por inteiro

Se o mundo fosse livre
Poderíamos reiventa-lo
Seríamos então seres humanos
Melhor preparados
Menos frustrados
Mais amados

Se este poema fosse lido
Talvez lhe trouxesse um sorriso
Em troca de um desabafo perdido
Encontraria um antigo sonho de um oprimido

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Neblina

Nome correspondente
Ao frio latente
Mas atravessa tão rápido
Pois é feita de vazio, não de concreto

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Até assusta

Relações vazias

A questão

Não era romper o silêncio
Mas sim, o desejo
Então
Rompi

Luto

Silêncio inconfortável
Faltam palavras para rompe lo
Talvez sentimentos
Respostas ou ao menos um desejo

Você me deu momentos
Que nunca senti
Foram dias mais felizes
Dos mais felizes que vivi

Mas esteve certo em seu prognóstico
Não pude lidar com este momento
Desespero
Passar a vida esperando por outro momento

Solidão que rasga
O problema não foi me esquecer
Mas justamente saber
Que sempre fui muito pouco
Solidão de você
O problema não foi escolher viver
Mas justamente saber
Que nada mudou

Carinho enorme que guardo no peito
Te escondo este outro versos
Melhor não repetir o enredo
Monólogo solitário
Beijos longos e saudades
Sonho ultrapassado

domingo, 4 de outubro de 2015

Suicídio da alma

Nem tempo pra suspiro
Só o ódio
Pra nos manter vivos
Hoje, só o ódio

No chão, a travesti morre
Ninguém jamais saberá seu nome
Nos jornais, fala-se de outra morte
De tal homem que ninguém conheceu
A versão dos verme é de suicídio ou qualquer crime que cometeu

No peito já não cabe mais
Atada das mãos a voz
O revide parece tão pequeno perto do mal que nos traz
Só sobreviver, não satisfaz

O ódio vai consumindo
Cada dia mais subtraindo
Não existiu paz até então
Nos levantamos e lutemos irmão

Desejo é de vingar
E de morrer em seguida
Dar um fim nestes vermes
Sem legitimar essa vida

Nem tempo pra suspiro
Só o ódio
Já não pode nos manter vivos
Hoje, só o ódio
É tudo que sinto

Atiro-me
Na cabeça
Fim de festa
Senão deu pra ir mais longe
Fui só mais uma, apenas essa
Satisfeita, mas longe do sonho que carreguei
Quem dera fosse o amor o sentimento que despertei

Mas a vida é concreta, não me esqueço
Senão pude concluir nosso plano
Torço pelos que seguirão lutando
A morte será meu alívio, tão necessário
É... Fim de papo

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Desapaixonar-se

Dor forçada
Não te procuro sendo que é onde mais queria estar
Um abraço, um afago
Um sorriso poderia me fazer melhor
Mas só neste instante

Dor guardada
Toda força que tenho está concentrada
Em não dizer mais nada
Triste é saber que a ti vontade falta
Vai passar...

Natural não me procurar
Nunca teve mesmo o que falar
Duvido mais do que sentiu
Volto a mim, restou vazio

Me consome
Me dissolve
Queria desaparecer
Voltar quando te ver
Seja tão bom
Quanto é hoje necessário te esquecer

domingo, 27 de setembro de 2015

Vazio

Te esvazio
Recrio pra poder me despedir
Senão não poderia
Sorriso que me atravessa
Já não mais vejo

Transformo
Consciente
Você em algo de repente
Já não mais presente

sábado, 26 de setembro de 2015

Desaguar

Não se incomode ou preocupe
Neste jogo, já me acostumei a perder
Mas não me impede de sofrer
Deitar querendo dormir por 6 meses
Desaparecer
Desaguar de corpo
E da alma

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Pra não se tornar pouco

Pra não se tornar pouco
Deixa...
Sem deixar se tornar espera
Senão desfaz o quão longe chegamos

Pra não desgastar
Não volte no mesmo lugar
Não tem esforço ou espera
Que mude o que já é conhecido

Das mágoas que se preocupou
Não existiriam sequer formas
Meu coração não nega a tristeza
Mas você me deu os melhores momentos

Se oras se torna pouco
Muda a perspectiva pra
Ver melhor o que construímos
Aprender a amar de novo

Não te quero longe
Pelo contrário, chegue mais perto
Meu coração te pede
A ti mantenho só carinho
E o agradecimento que merece

Aconteceu o que tinha que acontecer
Da forma surpreendente
Era isso,  uma paixão necessário
Me fez renascer

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Mata

Não sei sentir
Pouco amor
Limite alcançado
Desencontro

Se deixar morrer sozinho
Sinto que morreria junto
Se me esforço pra matar
Esbarro, dói demais

Se preocupe um pouco mais
Esforço calculado
Superar a expectativa construída
Desejo despedaçado

Sou aprendiz
Inocente ou imprudente
Assim se diz

Teu concelho sincero
Correção prevenida
Deixe o quanto antes
A paixão sentida

Coração resistirá
Curado de outras feridas
Sobreviverá
Mesmo que sem

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Sua

Eu não quero ser sua
Apesar de já estar entregue
Não se deve querer
O que nunca existiu

Fins de setembro

Dois meses
E nem te conhecia
A vida prega dessas
Viver tanto tempo sem imaginar a vida

Só tenho alegrias
Quando penso seu nome
Me permitiu amar
Sem limites ou medo
Me entreguei ao desejo

Era o que meu coração pedia
Alguns dias de alegria
Reconfiar no amor
No homem
Na vida

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Arrebata

Covardia
Diz meu nome
E eu muda
Ignoro
Mas continua presente

Grita
E eu muda
Não importa correr
Me persegue
Me arrebata

Acordo
Agonia profunda
Despertar de tudo
Ver o mundo
Como é
Vejo
Mas não grito

Melhor será
Amanhã

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Intenso

Cada dia
Te quero mais
Desejo que seja menos
Insisto
Me alegro no pouco que não penso
Mas ai
Sou pega te escrevendo

Consciente tento
Mas não sei se devo
Me entrego
Ao mesmo tempo me prendo
De novo, sigo escrevendo

Cada dia mais
É mais mesmo
Mas queria menos
Não sei se queria mesmo

Mas é melhor tentar
Já que não depende
Do desejo
Que poesia é essa?
Parça?
Esquece

Escrevi muito
Falei demais sem dever
Penso em dobro
Sinto tanto mais que você

E de tão intenso
Já não entendo

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A

Todo dia
Agonia
Rotina
Súbita
Disciplina
Chorar sem lágrima
Não alivia

Todo dia
Agonia
Rotina
Sem melodia
Sozinha
Perde-se
A rítmica

Todo dia
Agonia
Não esvazia
Vazio que contamina

Triste, mas normal

Fecho os olhos
Você
Fecho os olhos

Fecho os olhos
Ah!
Me toca
Me beija
Me arrepio
Olhos Abertos
Solidão
Normal
Sonho
Desilusão
Triste, mas
Normal

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Meu trabalho

Hipocrisia

Está na saúde
Mas não vê o trabalhador
Insisti na cura mágica
Ignorando sofrimento

Social,
Político e
Cultural

Não pode previnir
A saúde não é feita pra existir
Vende remédios e prescrições
É indústria farmacêutica
Viva a medicalização

Quer curar das "drogas"
Mas não cita legalização
Enquanto morrem ou são presos por tráfico
Escondem sua real intenção

Medicina capitalista
Segue instrução imperialista
Vende a esperança
Pra conter o conhecimento
Mais vale mil doentes
Do que um ser consciente

Vida e morte não difere
Vivem como mortos
No mundo que os esquece
Quem são?
Quem somos?
A maioria
Maior do que a minoria
Sabia?
Ainda venceremos
A ciência, a descrença,
O mundo
Da burguesia

domingo, 13 de setembro de 2015

Na medida


Queria não medir
Achar simetrias
Buscar idéias
Que não se concretizam

Poderia só recorrer
Ao presente
Como única duração
Constante e permanente

Queria não achar pouco
Nem sentir muito
Nem contrapor isso a aquilo
Desejo a paixão
Beijos a romance
Toques a esperança

A medida
É feita com o tempo
Acalma, respira, entende
O coração não encontra-se pronto

Não me venha

Não me venha com tua concretude
Que desfaz o sentimento pela manhã
Era amor, senti...
Não...
Me enganei de novo
Disseram que seria assim
Era amor, mas daqueles que apenas sai
Esvaziou
Pobre coração

Dentro de mim

Você ainda dentro de mim
Não sai
Me abraça
Deita sob minhas costas

Beijos, sua boca diz muito
Riso a toa, cheio de sentido
Do amor e da camaradagem
Desejo infinito

Dorme agora
Respira e deixa o coração bater
Assim te cura das tuas contradições
Fique bem e
Descansa,
pois novas vão aparecer

sábado, 12 de setembro de 2015

Sobre momentos

Estou acostumada
A não ter o que quero
Me adapto, aprendo
Viver o melhor momento

Me diz que é pouco
Mas sinto muito
Não percebe, mas é por inteiro
Única forma de se viver o momento

Me acalma
Me enlouquece
Ao
Mesmo
Tempo

Tempo
Espera
Ou vida concreta?
Agora,
Moça
Me diz sorrindo
Te beijo
Entendo
Este é o momento

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Setembro

Já não me reconheço
Sou grande parte desespero
O resto não vejo (não quero?)
Será que é só Setembro?
Ou o velho lamento
Não me lembro
A última vez
Que senti
Vazio assim

Arrependimento

Tem
Arrependimento
Que deveria
Matar
Sim

Senão
Resta
Apenas
Muito pouco
De Vergonha
De espera
De coragem

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Divida eterna

Minha vida
É uma luta política
Sobrevivi com pouca de vida
Que foi deixada pra garantir o capitalismo

Metade da vida roubada
Por uma ciência falsa
Que não se preocupa com nossa identidade
Desfarça no sofrimento uma desigual igualdade

Aos negros e negras
Lhes devem a alma
Séculos de patriarcado
Não nos pagam nunca
Aumentam apenas nosso ódio

As minhas irmãs e irmãos
Sem identidade e corpos saudáveis
O futuro é lindo, porque deixará no passado
O gosto amargo do transfeminicidio
Do infinito labirinto
Que esconde a mais linda flor
Que no caminho broxou
Por não ter padrão

Dívida permanente
A morte não é recompensa
Na guerra entre as classes
Seremos a linha de frente
É um campo de batalha
Todos os dias nosso ódio reacende
Contra o Estado e a polícia
Somos conscientes

sábado, 5 de setembro de 2015

Faltou ou restou?

Não sei se era o resto
Ou a ausência
Se estava metade cheio ou vazio
Não reconheci teu silêncio
Não quis perguntar

Existiu na indefinição
A certeza veio para não dizer
Mas no silêncio
Estava o não

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Setembro

P assada com
E ssa
R osa
L ouca e
U nica
T ocou, mas
A mou?
N ão

A razão

A razão está ao lado
Do seu silêncio
Nada mais a ser dito
Escolha muda sem destino

Ignorou como quem não se importa
Não fui capaz de te despertar nada
Usada e insatisfeita
Não se ama buscando recompensa
Sei, é essa sentença

Não há opção sequer
Impositivo pela falta de sentir
Entendo o que não diz
O que não sente
O que não fui

Agosto levou o que trouxe
Beijos longos que não duraram
Foi-se, pela rua
Fiquei parada
E a brasa
Queimava
Meu coração
Se despedaça

Anunciava
Enfim
A despedida pra nos rever em seguida
E fingir que não viu
Não existiu

Entre tragos

Te desejo tanto
Quanto esse cigarro
Mas ele está em minhas mãos
E eu nas suas

Vício de querer
Não é racional, incontrolável
Você nada diz e então espero
Não está ao alcance do meu esforço

Amar você
Só, Não me satisfaz
Com você, não me satisfaz
Já não sei o que me traz
Aqui

Pergunto com medo
De quem nunca pensou a respeito
Elaborou meu sofrimento
Confirma
No amor
Sobrevivi
Por outro
Entre tragos

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Agosto

Agosto
Te trouxe pra perto
Sorrisos e beijos longos
Ainda gosto

Intenso
Enlouqueci de tanto querer
Esqueci de me proteger
Me entreguei

Acabou o mês
Mas sinto você ainda
Um mês foi pouco
Foi agosto

Longo
Intenso
Seu beijo
Seus olhos
Desgosto de agosto
Queria ter sido mais
Mas fui
Fiz
O que pudi

Mas doi
Ver a vida como é
Não tem outro jeito pra nós
O concreto impera
Acabou
Pra você nem começou

Foi-se Agosto
Foram-se os momentos
Durou o durante
Durou o gosto
Restou desejo

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Luta de classes

A luta de classes salvou meu coração outra vez. Fez ele voltar a bater forte e sadio, pelo oposto que me despertava você, era pelo ódio.
A luta de classes me fez renascer, relembrar de maneira profunda, o que sobrou foi uma verdadeira consciência de projeto de vida e mundo que decidi.
A luta de classes me levou para você, camarada-companheira, pois por mais que a paixão tenha se modificado, que os beijos e abraços fixados ao passado, o futuro tão desejado segue na orientação de nossos dias. Por isso, eu tinha certeza, mais do que o desejo individual e da paixão sobrenatural que senti, esteve sempre entre eu e você presente um sonho mais ardente. Corrente em nossas veias, refletido nas almas, expresso no acordar e dormir, uma faísca prestes a incendiar.

A luta de classes e a revolução nos sublimou. Era mais que amor que sentia por ti, era o mesmo gosto do mundo livre que nunca provei. Era então, a certeza que nunca nos corromperemos, nunca nos deixaremos vencer, que nunca seremos outros senão os eternos mutáveis sem possibilidade de abandonar o futuro que nos pertence

sábado, 29 de agosto de 2015

Tem corre

Tem corre
Que se corre só
Solidão chegou e exigiu
Não mais sinta-se o que não é

Sempre sozinha, você me ensinou
Cada um por si, entre beijos
Sem desfazer, sem fundir
Corre mas sem fugir

Chora só, como todos nós
Viver sem perspectiva, sob o momento
Não determinou o próximo
Não me escolheu
Não
...

Sonho

Não me atraiu, nesta noite
Te quis demais
Demais que se converteu
Em já não sei dizer o que

Beijo doce que me prendeu
Solta, já não sei dizer
Um dia todo para se fingir
Máscaras prontos feitas pra vestir

Sonho ou pesadelo
Custa mais acordar
Encarar
De frente há apenas o concreto

Papo reto
Não me quis, mas sim outra
Não me fiz, mas sim mantive
Apenas o concreto

Choro sem lágrima
Palavra sem som
Seu silêncio me cansou
Não posso entender

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

M de Machismo

Machismo não apenas mata
Mas envenena
Senão serve como propriedade
Não serve como companheira

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Nenhum orgulho para alguns de nós sem libertação para todos nós


Fortalecerá

Termina e recomeça
Segue sem pressa
O destino que definimos
E nos deixamos tomar
A camaradagem é certa
Momentos inesquecíveis
São apenas uma parte do que resta
Fortalecerá e renascerá
Sigo do seu lado
Doce, amado
Não retiro minhas palavras
O sentimento transforma, mas não se apaga
Desigual e combinado
Como sempre foi a história
Expectativas e delírios
Desejo contido já não cabe
Te quero independente
Desse teu charme
Rosas
Espinhos
Fortalecerá
Só se ama se é demais
Só sofre se é demais
Já foi tão bom
Será ainda mais


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Repostando

Cordel – Travesti não é bagunça

Por Jarid Arraes

Quase todo mundo sabe
O que é uma travesti
Mas se faz de ignorante
Pra xingar e pra agredir
Porque sente intolerância
Por quem sabe transgredir.

Travesti não é uma coisa
Nem um bicho anormal
É somente uma pessoa
Com força fenomenal
Que se assume como é
E que vive tal e qual.

Muita gente vai pensando
Que é dona da verdade
Sai julgando a vida alheia
Com muita facilidade
Com nóia de pode-tudo
Em toda oportunidade.

Essa gente amargurada
Desconhece a realidade
Não sabe que a travesti
Enfrenta a dificuldade
Passando por violência
Sem receber caridade.

Muitas não podem estudar
Pois na escola vão sofrer
Com deboche e exclusão
De pequena até crescer
Porque a tal educação
Só uns poucos podem ter.

As famílias não aceitam
E as expulsam de casa
Muitas que vão para a rua
Foram antes deserdadas
Sem saída e sem carinho
Acabaram abandonadas.

Tantas ficam sem escolha
Vão pra prostituição
Pois só assim tem dinheiro
Pra comprar a refeição
Não que isso seja errado
Mas não há muita opção.

O estigma é criado
Faz-se o dito popular:
Travesti é tudo puta
Não se pode respeitar
E o povo pra agredir
Chega até a espancar.

Muitas são assassinadas
Sem a chance de viver
Só porque não são iguais
Aos que querem prescrever
Um jeito certo pra tudo
Sem a nada compreender.

Isso tudo é lamentável
É tão triste e revoltante
Travesti também é gente
Ser humano e importante
Quem não pensa desse jeito
É que é intolerante.

Não há nada nesse mundo
Que possa justificar
A falta de sentimento
De quem deseja matar
Seja o corpo que se toca
Ou a gana de sonhar.

Não tem nada horroroso
Em querer ser diferente
No mundo tem muita regra
Que não se faz coerente
Ser homem ou ser mulher
Não é marca com patente.

E por isso as travestis
Podem ser como quiserem
São livres desimpedidas
Onde quer que estiverem
Para mim são bem mulheres
Se isso também proferem.

O que temos que fazer
Para paz proporcionar
É ensinar nas escolas
Que se deve respeitar
E acolher com afeto
A travesti que estudar.

Pois não há nada melhor
Do que a pura educação
Para despertar carinho
E passar informação
Além de proporcionar
Caminho pra profissão.

Com acesso ao ensino
Travestis podem escolher
O que desejam da vida
Qual emprego querem ter
Se for prostituição
Então também pode ser.

O que importa é gerar
Várias possibilidades
Não apenas para poucos
Que tem mais facilidade
Mas pra todas as pessoas
Lá no campo ou na cidade.

Travesti também merece
Uma digna existência
Pois os direitos humanos
Não são de ambivalência
Valem para todo mundo
Com muita polivalência.

Se você abrir os olhos
Na internet pesquisar
Acabará encontrando
Muitos fatos de assustar
E verá por conta própria
Tanto pra se lamentar.

É espancamento e morte
Preconceito e exclusão
É um ódio muito extremo
Chega dói no coração
Isso tudo é crueldade
Essa é minha conclusão.

Se você não compreende
Não consegue aceitar
Vou te dar alguma dica
Para então facilitar
O seu puro raciocínio
Que deve se iniciar.

Travestis são como eu
Também são como você
Gostam de felicidade
Nisso você pode crer
Vivem procurando paz
Para enfim sobreviver.

Travestis são talentosas
Alegres e inteligentes
Criativas e esforçadas
Com espírito insurgente
Sabem vencer a batalha
Contra o ódio incoerente.

Não há nada de errado
Não há nada de anormal
Cada um deve ser livre
De sua vida o maioral
Porque liberdade plena
Sempre é primordial.

Quando vir uma travesti
Tenha muita gentileza
Ponha-se em seu lugar
Aja assim com esperteza
Só quem sabe respeitar
É que vive com grandeza.

Também vou lhe convocar
Para se juntar à luta
E falar aos sete ventos
Provocando essa escuta
Pelo bem, pela igualdade
Pelo fim dessa labuta.

Quando tiver uma chance
Fale em prol da travesti
Diga que aprendeu comigo
E sem medo de insistir
Não aceite preconceito
Que não deve coexistir.

Pra acabar o meu cordel
Uso uma chave de ouro
Pois nessa literatura
Travesti é um tesouro
Pra nossa diversidade
Trazem muito bom agouro.

Se não concordar comigo
Deixe logo de furdunça
Pois não tenho paciência
Pra trepeça, nem jagunça
O recado é muito claro:
Travesti não é bagunça!

FIM

Trotsky acertou de novo

Existe uma lei da vida
Que expressa a realidade
Não fuja. Não se esconda
Aceito mesmo sem vontade
Se é desigual
É também combinado
Serve pro amor
E pros mal amados

Pra amar de verdade
Tem que amar demais
Pra sofrer por amor
Só de amar demais

Amor camaradagem

É então esse o significado
Amor camaradagem
Amor sem posse ou escritura
Dura mais que o durante
Sobrevive a penas duras

Bate ao peito meio sem jeito
Assume-se presente
Senão tem forma,
Não importa
É sempre amais, nunca diminui
Verbo, toque, olhar
O grande sonho retribuiu
Não cabe ao peito
Dividimos então
Das flores, das dores, os amores
Pois hão de florescer

Te olho nos olhos
Me derreto sem me desfazer
Sorriso revigorante, há tempo pra ser
Amais, nunca a menos
Ao seu lado, quero me refazer
O novo ser,  a se desconstruir
Pois confio, a vida, o sonho, o beijo

Amais
Porque já não nos entregamos pouco
Porque já não nos apaixonamos pouco
Porque já não nos permitimos pouco
Estamos por inteiro

Amais
Sem sobrar
Segura minha mão
Beija minha boca
Acelera meu coração
Amo sentir me assim
Amais
Nem metade
Nem faltando um pedaço
Inteira
Entregue
A
Revolução
E ao
Amor
Também

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Êxtase





Banho gelado
Pedalar na chuva
Frio com vento gelado
Já não importa


Alivia


Contradição permanente

Não te reconhece
Nos quer invisíveis
Mas tem que me ver
Pois existimos

Querem adequar,
moldar-te,
enquadrar-nos,
Mas somos humanos

Queremos viver
Mas a vida
Não
É
Vida

Então sejamos
Contradição permanente
Deste mundo indecente
Pra que fique claro
Somos diferentes
Com orgulho


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Foda-se?

Pare de procurar em mim outro corpo
É este que me fiz pra mim
Senão agradas meu ser
Aceitemos que é o fim

Foda-se?
Não fala, não se importa, não sente
Foda-se
Não vê além dos seus próprios interesses

Encarar a vida e as relações de frente
Desafia a coragem, o sentimento e a mente
Mas se quero me impor como independente
Sua escolha já se entende

Nenhum passo amais de humilhação
Não me reduza pra caber neste formato
Não se esforce pra ser gentil
A corrente seguirá em silêncio
Nenhuma palavra, suspiro ou tabaco

Está é a escolha que fizemos
Viver sem ter um diálogo
Triste é saber que dos amores
O meu é sempre o mais raso

Ironia

Mundo binário
Ensinou a tomar um lado
Medo permanente de ser descoberta
Pra sobreviver, começa sua nova peça

Se engana o suficiente pra esquecer
Se convence ser comum, cada dia menos diferente
A fantasia que criou constrói um precipício
A verdade, sem escolha, te perturba a mente

Negar-se, omitir-se, tornar-se invisível
Grande ilusão achar que poderia

Ironia, quem diria
que ser você mesma
Causaria tanta surpresa

Coração dispara porque não se reconhece
Todo dia lembra e depois se esquece
Não se pode ser outra que não a outra
Deixada pelo desprezo que não diminuiu
Cresce

Tristeza infinita
Busca na ilusão uma nova vida
Desejou tanto ser cis
Destino infeliz
Se esqueceu do orgulho, da revolta
Deixou-se levar pra um caminho sem volta

Sozinha, não por acaso
Paga o preço que lhe foi cobrado
Não pode burlar sua opressão
Acostumou-se ao amor dizer sempre não

Contradição
como ela é
Quer se encaixar no mundo real
Que só o ódio a conhece
Se reconhece
Na
Revolução
Aquela que leva o antigo sonho
Da libertação

Conheça seus limites

Me fiz por completo
Oras me envergonho
Então preciso me lembrar
Há um mundo todo a se transformar

Você me deu momentos intensos
Nunca soube o que tivemos
Mas sei o que não quero
Não fiz inteira pra ser metade

Não me entrego
Porque ainda sou dona da minha alma
Estar contigo me exige ser menos
Conheço meu limite

Encerro o verso
A poesia, a paixão
Decido sobre meu futuro
Posso e devo ser direção
À um novo horizonte

Conheço meus limites
Foram me impostos tantos
Encontro de ti alguns
Outros tantos me acompanham só

Meu limite é o impossível
Mesmo assim
Ele não me para, não impõe um fim
Me transforma
Já sou outra
Mais forte
Sobrevivi a você e todos os outros
Me mantive independente
Pago este preço
Porque o mundo que desejo
Não se constrói só de beijos

Pois é

Poderia ser tudo uma grande confusão
Coisa da minha cabeça,
culpa dos hormônios
Ou apenas uma ilustre ilusão

Seria melhor senão estivesse certa
E negasse a existência da flecha
Que primeiro furou meu coração
Depois, despediu se, deixou me ao chão

Ali encenei minha morte
Mas me faltava um pouco de sorte
Para deixar de sentir
(Fingir)

Nos meus olhos um vazio cristalizou
Muda, ouvia o silêncio
Assim como em meu peito
O teatro não me superou
A realidades gritava
Não deveria ter ficado
No meu peito já vazio
Deixou um recado

Não há um atalho

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Novo

Força
Senão se encontra
Procuro
Encontro nas minhas irmãs
Negras, trans, fanchas
Um mundo inteiro de resistência

Marsha a frente
Stonewall nos fez independente
Nenhum tipo de arrependimento
Nos fizemos pra luta
Desconstruir de forma permanente
O campo de batalha
Floresce da travesti em seu peito

A opressão se perpétua
Mas não me vence
Mesmo quando sou jogada ao chão
Encontro um novo suspiro ao coração
Se queriam minha desistência
Se enganaram

Na linha de frente
Pra revolta não me domesticar
A ilusão de se encaixar é a mesma
Neguei como outrora neguei a mim mesma

Sorte
Que te encontrei
A chama que queimava o medo
Agora arde pelo novo

domingo, 16 de agosto de 2015

Te querer

Bate
.

Bate
.

Bate em mim um egoísmo desesperador
Consciente do que te proporciono
Nojo? Risco? Fetiche? O que?
Solidão dolorida, não se pode amar, não se pode ser...

Perigo é esquecer quem sou
Te ponho em perigo, quando mais quero te proteger
Sou uma bomba de 35 anos contados
Me sinto a explodir

Lamento infinito...

Falta ódio, preciso me erguer
Escolhi me fazer, me montar, me travestir
Falta pride, Marsha, eu também quero ser
Stonewall não morreu, o capitalismo não me venceu

Por hoje.

Amor trans

Sinto, mas prefiro negar-me
Sou apenas um terço de realidade
O resto é sonho e a saudade
Dos momentos que tive coragem

Você me penetrou
Com os olhos, a boca, as mãos
Tirou-me a roupa, o ar e a dor
Fiquei então, só por inteira

Da minha auto negação
Vi de dentro a própria opressão
Não há saída , nem acompanhante
Não te quero em risco, doce amante

Sempre a outra, iludida com minha poesia
Não sai do caderno, não te chega a rima
O gosto da invisibilidade não amortece
Todos os dias, meu coração aperta e nunca se esquece

Não devo amar
Não devo amar

Dor que contamina

Se te contasse
Concordaria
Foi ilusão acreditar num dia
Infantil pensar que poderia

Me beijou pra ser gentil
Menino bom, juvenil
Sorriu
Mas nunca soube do risco que sentiu

Desafio que sem coragem não se faz
Amar aquela que só o ódio corre atrás
Assumir, foi escolha minha
Só tenho a oferecer uma linha sem saída

Covardia massacra meu peito
Pular do precipício de olhos fechados
Não te levo comigo, é um verso solitário
Mereces mais do mundo, merece ser amado

Sou a pedra
A dor que contamina
Gosto demais de você
Pra permitir que sinta a dor dessa rima

Se te contasse
Concordaria
Sou covarde, quem diria
Tive até mesmo coragem pra me abster dessa vida

Da covardia, a menor

Pra sentir tive de buscar coragem
Encontrei de frente e depois corri
Carrego um dor que não se diz
Nasce no meu peito um incômodo infeliz

Mas rapidamente covardia me tomou
Sou quase nada ou muito pouco
Teus olhos, teu corpo
Me despertam um sufoco

Serei um peso, um estorvo
Um limite pra um jovem tão moço
Com o futuro a frente tão genioso
Não me sinto, não me sinto

Da covardia tomo mais um pouco
Sumir não me seria um esforço
Te gosto tanto pra te gostar
Melhor seria não ter de te falar

Dói demais
Meu peito chora, grita, já não me aguento
Futuro nosso é desespero
Carrego comigo um padecimento

Me despeço, com ar de saudade
Ilusão daquela intimidade
Ah se eu tivesse ainda um resto de coragem
Não diria que sem mim estará mais a vontade

Menino doce

Olhos baixos
Risada boba
Te quis por inteiro
Vontade atoa

Meu corpo imóvel
Meus olhos não te tiravam a atenção
Nossos lábios tão distantes
Doce delírio, inconfortável ilusão

Menino doce
Sinta como deve sentir
Pra viver plenamente
Permita-se existir

Coração puro
Sorriso distante
Guarda no peito a dor do mundo
Suspira um pouco a cada instante

Tua energia revolucionária me atrai
Com malícia, já te olho diferente
Pelos olhos dos oprimidos
Se dara a revolução permanente

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

B

Te escrevi um poesia
Apaguei, não tinha rima
Escrevi então sem muita pretensão
Uma espécie de alerta ou de precaução

Te vi
Silêncio,
Olhos atentos
Rio e espero teu abraço
De novo, te olho
Mas nada tive coragem
Timido e meigo
Os olhos, o sorriso e o jeito
Ah!
Te procuro com os olhos
Nada mais, é um devaneio
Foi seguro enquanto durou o silêncio
Não menos sincero que esse verso-momento

Um brinde

Meu corpo
Um campo de batalha
Chora, grita e sente
Combate de forma valente
Todo o dia
A mesma e nova transfobia
Me constroi
Cada dia mais uma batalha
Venço, perco, segue empatado
Do lado de ca me fortaleço
Mas eles crescem, não me esqueço
Na mira, sigo perseguida
O corpo, as regras, as normas
Evidência
Hetero, cis, burguês
Essa moral em mim se desfez
Corta, mutila, hormoniza
Transforma a cada dia
De forma desigual é impedida
De ser plenamente reconhecida
Da miséria destinada
À insurreição organizada
Se levanta, me levanto
Sei, nasci pra ser sujeito
Escolhi, decidi, quis ser eu mesma
Me tornei abjeto
Parece comum
Um ser que não parece merecer afeto
A nós, um brinde
Guerreiras sobreviventes
Mais um dia
No campo de batalha
Da vida
Do corpo
Da alma

Mais

Mais relações profundas
Por favor
Superem a risada alienada
O choro pisado que não escorre
Só esconde ou já não tem o que mostrar
Mais relações profundas
Menos drogas baratas
Conversas caladas
Corações sem alma
O que não se permite dizer
Ou não desenvolveu nada
Para transformar em novas palavras
Ou não tem segurança que se valha
Mais relações profundas
Mais
Mais verdade
Mais sinceridade
Então
Troca, confia, sorria
Não que deixe este pedido
Seja perdido
Ou se torne esquecido

Orgulho trans

Bate no peito e grita
O peito também se constrói
A fortaleza não ignora o choro
Mas levanta pra buscar o novo
Parecia ser pra se completar
Encontrar-se em si
Mas não me basto em mim
Há um mundo afora pronto a explodir
Eu compraria as flores eu mesma
Para dizer que me fiz assim
Ousar ser sem deixar de sonhar
Escolhi não ser metade
Construí em mim o que fui capaz
Luta diária
Menos uma Laura
Ou seria mais uma Laura?
Nenhuma trans a menos
Ou pra nenhuma trans amais?
Viver
Plenamente
A busca que não se desfaz
Corre dentro de mim
Mais que Hormônios e sonhos
Viver plenamente
Com orgulho da luta
Da vida
Carregando em mim
Cada uma trans vitima
Cada camarada amiga
Cada verso que descobre a escrita
E grita
A travesti também quer fazer poesia

Aos meus amigos poetas

Ao meus amigos poetas
Agradeço os versos
Que trazem conforto
Conhecê-los na alma
No canto, no choro

Aos meus amigos poetas
Me entrego aos poucos
Parte de quem fui e sou
Um pedaço de meu agouro

Aos meus amigos poetas
Dedico meu tempo
Leio-os e me multiplico
Dedico meu intimo
Me transformo pra além de mim
Sou parte, enfim
De um coletivo assim
Aquece a alma por não estar sozin

Aos
Meus
Amigos
Aos
Poetas
Aos poetas-amigos
Compartilho o mundo
A rima
A poesia
Ou seja,
Tudo que fiz de vida

Pro mundo

Sou invisível
Ele negado
Um par desigual
Ainda assim combinado

K.

Sonhei contigo
Doce delírio
Abraçou me sem medo
Aliviava o desespero

Recobro a consciência
Lucidez!
Pra solidão virar poema
Busco-te outra vez

Agarro teu sorriso
Desmancha rápido
Ilusão inconfortável
Querer ser outra pra ser amável

O coração grita
Amasso poema, queimo a rima
Do anseio do abraço
Só sobrou a poesia

Se te encontro
Falta intimidade pra dizer
Queria dar um passo
Mas estou sempre pra trás do que prometi ser

A risada, a gargalhada
Você me encanta!
Mas uma verdade de repente
Revela a ilusão evidente

Sente
Muito
Mas não ama
Sente
muito
Mas não

Sonhei contigo, mas já não sonho mais
Amargo é gosto que me traz
A volta do desespero
Por um abraço que causa tanto medo

Madrugada

Miséria é a palavra
Capitalismo miserável
Organizou-se desumanizando
Fortalecendo o patriarcado

Solidão da mulher trans
Solidão da mulher negra
Vivemos pela metade
Queremos a vida plena

A alma chora
E os olhos ainda mais
Mostram o vazio engasgado
Que não se esconde mais

A poesia deu um golpe inesperado
Colocou as claras nosso sentimento calado
Grito! Por isso me grito
A nossa sobrevivência não se reduz a isso

A cada dia uma nova certeza
A miséria do possível já não satisfaz
A agonia que estoura busca transformar
A solidão fortalece, mas não se desfaz

Faltas de Polisipo I

Repito que estou louca
Tentando me convencer
Histeria feminina
Ideologia pra nos submeter

"Choro sem sentido"
Reproduz o discurso do inimigo
Ignorar o cotidiano de oprimido
Esquecer-se de si, é o maior perigo

Pilulas de "transformação"
Não transformam o mundo
Apenas minha percepção
Cada dia mais miséria atinge meu coração

A batalha no meu corpo cotidiana
Se venço o capitalismo ou se sou vencida
A vida e a morte: tão parecidas
Ambas não apontam perspectivas

Se me rendo, os fortaleço
Ainda me resta ódio
Não me esqueço
Mais incomodo quando me enfrento

A vida roubada
O luto negado
Todo o dia o prazo aperta
35 anos à minha espera
Aceito, a morte é certa
Mas então o que me resta?
Me ergo
Me levanto
Sou primavera